Blog Escolhas do amor

O filme interativo da Netflix “Escolhas do amor” é uma experiência de lazer que ilustra como estamos o tempo todo fazendo escolhas e tomando decisões, sejam elas muito arriscadas, sejam rotineiras, e que esse processo possui diversos fatores importantes que o influenciam.

Já parou para pensar em quantas escolhas já precisou fazer hoje? Neste exato momento, você tomou a decisão de ler este texto.

• O que você estava fazendo para chegar até este texto? O que lhe influenciou a lê-lo?

Passamos o dia inteiro tomando decisões, e elas irão interferir em nossas vidas de alguma maneira. Parece algo simples, mas somos expostos a alguns fatores que podem determinar quais serão as nossas decisões do dia (ou da vida).

Pouco tempo para análise, pressões externas, valores e princípios, consequências e os riscos, tudo isso são alguns exemplos dessa influência no processo de tomada de decisão.

O filme interativo “As escolhas do amor” (Netflix, 2023), com um enredo mais simples e voltado para o público jovem, pode ser um exemplo sobre este tema.

“As escolhas do amor”

O longa-metragem traz como protagonista uma jovem que, apesar de viver um romance com seu namorado, no decorrer do filme, se vê tendo que fazer escolhas entre outros rapazes que mexem com os seus sentimentos. Porém, todas essas escolhas são tomadas por nós, espectadores, que acabam por influenciar e decidir a trajetória do filme e um de seus inúmeros finais.

Fazer as escolhas no filme pode parecer fácil, já que não estamos envolvidos emocionalmente com os personagens e não seremos nós quem viveremos as consequências de tais decisões. Um lugar seguro, que como sabemos, só existe na ficção ou quando não estamos envolvidos em determinada situação.

Mas, por trás de cada proposta de decisão apresentada pelo filme, existe um fator de pressão: o tempo. O espectador tem poucos segundos para escolher qual decisão tomar entre as opções que o filme apresenta.

Tempo: fator que pode impactar a tomada de decisão

A interatividade e continuidade do filme se dá pela decisão do espectador, e o tempo é o responsável pela pressão imposta para que o mesmo decida rapidamente qual decisão tomar.

No filme em questão, o tempo para a tomada de decisão é muito curto para analisar o impacto de cada escolha e, por isso, quem está assistindo pode tomar algumas decisões de forma diferente do que realmente faria com um maior tempo de análise.

• A decisão tomada apenas pelo impulso pode mudar todo o percurso da narrativa.

Na vida real isso acontece de forma semelhante, porém com infinitas possibilidades de escolhas que podem gerar infinitos resultados e várias possibilidades de caminhos, o que para o ser humano é mais um motivo de dúvida e confusão do que felicidade.

Muitas das escolhas que fazemos no dia a dia são feitas no piloto automático, ou seja, simplesmente fazemos, não calculamos os danos, as consequências ou se foram as mais condizentes com os resultados que almejamos.

Além disso, muitos de nós tendemos a escolher o caminho mais simples ou levar em consideração somente o resultado a curto prazo.

• Como você administra o seu tempo de análise para tomar uma decisão?

Imagine que você tenha uma reunião na empresa às oito horas da manhã. A partir disso, há algumas decisões que precisam ser tomadas para que você consiga chegar no trabalho. Por exemplo:

• Programar o despertador para tocar com uma hora de antecedência, considerando o prazo de se arrumar e se deslocar até a empresa;

• Confiar no seu relógio biológico e assumir o risco de não acordar na hora certa ou a tempo de chegar à reunião;

• Ignorar a reunião, dormir até mais tarde e chegar na empresa após a reunião, o que provavelmente terá um impacto bem negativo.

Parece óbvia a decisão a ser tomada, mas, acredite, você terá que passar por um processo de análise consigo para chegar até a decisão escolhida.

Usar o tempo a seu favor, considerando prazos para realizar as atividades e as eventualidades, pode ser um caminho para decisões mais coerentes e assertivas, evitando conflitos e consequências ruins.

Otimizando as decisões corriqueiras, elas deixarão de ser um fator estressor na sua vida e consequentemente você concentrará mais energia e atenção para analisar as decisões de maior impacto no médio e longo prazo que estão alinhadas com o seu objetivo. 

Fica evidente, então, a importância da capacidade de análise antes da decisão, porque toda decisão tomada apresenta riscos e, em muitos casos, tomar decisões sem uma análise devida ou pelo impulso pode acarretar danos irreversíveis.

Se o tempo é fator tão primordial, então, como lidar de forma mais estratégica com ele para uma melhor tomada de decisão? Aprimorando a sua capacidade analítica.

Tempo e capacidade analítica

A capacidade analítica é uma competência muito requisitada em diversas áreas desde a educação até o mundo dos negócios.

 O pensamento analítico está em primeiro lugar na lista das habilidades em ascensão que serão mais requisitadas entre os profissionais para os próximos cinco anos, segundo o Relatório sobre o futuro do emprego do Fórum Econômico Mundial de 2023.

• Mas, o que é capacidade analítica?

É a capacidade de analisar informações relevantes, identificar padrões e tendências e formular soluções lógicas e baseadas em evidências e dados. Envolve a habilidade de usar a lógica, a razão e o pensamento crítico para compreender questões complexas e tomar decisões baseadas em evidências e dados.

Pessoas analíticas são capazes de extrair percepções concretas, inovadoras e únicas a partir dos dados. Porém, desenvolver essa competência não é uma tarefa fácil.

É preciso estar disposto a questionar pressupostos, analisar informações de forma crítica e sistemática e estar sempre em busca de novos insights e conhecimentos.

Além disso, é importante investir em ferramentas e técnicas que possam ajudar a aprimorá-la como análise de dados, modelagem de processos, pensamento crítico e solução de problemas, além de algumas ações como:

• Manter-se atualizado;

• Analisar os dados;

• Aprender a fazer perguntas;

• Desenvolver o pensamento crítico;

• Praticar a solução de problemas;

• Colaborar com outros profissionais;

• Usar ferramentas de análise.

Profissionais que entendem o que os dados mostram conseguem tomar decisões assertivas diante da estratégia do negócio. No campo pessoal, desde a escolha de um investimento até a resolução de problemas cotidianos, a capacidade analítica também se torna essencial para tomar melhores decisões.

Suas decisões diárias

• Na nossa rotina, fazemos escolhas e tomamos decisões da forma mais assertiva? 

Continuemos com a análise do filme. Digamos que há os espectadores que assistiram ao filme e fizeram as escolhas seguindo seus valores, princípios e padrões da sua vida real.

Há também outro perfil decisório para o filme: aqueles que possivelmente escolheram não seguir as regras e os seus padrões com o objetivo de analisar os possíveis resultados. É bem possível que essas pessoas tenham gostado do final que teve o filme a partir de suas escolhas.

Esses espectadores escolheram assumir riscos talvez porque a história em si é um evento controlado e, por conta disso, não há a possibilidade de serem julgados pelas escolhas.

Conduzir o filme de uma forma ou outra diz respeito às nossas crenças, daquilo que acreditamos ser o melhor ou o certo a se fazer ou ainda do que estamos habituados a nos comportar.

Não existe um caminho certo ou errado, ele apenas nos faz pensar de que maneira fazemos as escolhas da vida, como as pressões podem nos afetar e principalmente nos leva a ficar atentos, pois as tomadas de decisões surgem de forma repentina em diversas situações e contextos e precisamos estar preparados para isso.  Por isso, é de extrema importância conhecer esse processo como um todo.

O processo da tomada de decisão

A tomada de decisão é um processo de escolha da melhor alternativa que trará mais benefícios à situação. Ele pode ser mapeado por sete etapas:

1. Perceber a situação que envolve o problema  

• Qual situação exige uma tomada de decisão?

• O que causou essa situação?

2.  Analisar e definir o problema

• Qual o problema que precisa ser resolvido? 

• O que está envolvendo essa situação? 

• O que está me impedindo de resolver essa situação?

 3. Definir os objetivos

• O que eu busco resolver com essa tomada de decisão?

• O que é preciso desfazer para resolver essa situação?

 4. Procurar alternativas de solução ou de cursos de ação

• Quais são as opções ou alternativas que eu tenho para solucionar essa situação? 

• Quais possibilidades ou recursos eu tenho para solucionar essa situação?

 5. Avaliar e comparar as alternativas

• Quais são os ganhos de cada alternativa? E as perdas? 

• Qual o impacto de cada alternativa para o outro (equipe, negócio…)?

6. Escolher a alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos 

• Qual a alternativa mais satisfatória? 

• Eu estou seguro dessa escolha? Se não, o que me preocupa?

• Essa alternativa está de acordo com meus valores pessoais (ou da empresa)? 

7. Implementar a alternativa escolhida

• Quais serão os próximos passos para efetivar a tomada de decisão? 

• Quais recursos serão necessários? 

• Em quanto tempo espero efetivar essa decisão?

Por meio dessas etapas, é possível auxiliar a visualização do problema e da situação e também compreender qual a alternativa mais viável para ser escolhida. 

Nem sempre tomaremos as melhores decisões, mas o que elas trazem como dados e informações para as próximas também é uma análise possível para aprendizado.

Muitas questões externas contribuirão para as nossas tomadas de decisões, seja o ambiente onde estamos, as pessoas com quem nos relacionamos, as nossas necessidades pessoais, nossas crenças e valores, a forma como fomos criados, os padrões de comportamento e o reforço que tivemos ao longo da vida por conta deles, a cultura, a sociedade em que somos inseridos…

São diversas vertentes que nos colocarão diante de muitos caminhos para que possamos escolher qual é o melhor para nós e em alguns casos para outros que podem estar envolvidos na situação. 

Ao final do filme, o espectador tem a chance de refazer tudo e mudar todas as escolhas feitas, o que é uma vantagem, pois ele já sabe o desfecho e resultados de cada escolha e, com isso, pode mudá-las quando quiser. Não é assim que acontece na vida real, mas prever possíveis consequências e riscos relacionados à decisão X, Y e Z pode ser um exemplo da quinta etapa do processo de tomada de decisão e até do seu poder de antecipar possibilidades e cenários assim como quando você assiste ao filme novamente.

As decisões que tomamos nem sempre serão um caminho que terá volta e poderá ser refeito, porém, sempre podemos escolher estarmos mais conscientes do nosso processo de tomada de decisão para até mesmo criar planos de contingências para esses riscos.

Robert Frost escreveu:

Dois caminhos divergiam numa floresta, e eu, eu escolhi o menos percorrido, e isto fez toda a diferença.” Porém, infelizmente, nem todas as decisões são tão simples quanto “vamos seguir esse caminho e ver o que acontece”. 

As escolhas que você toma hoje podem interferir diretamente no seu futuro, mas, uma coisa é certa, ninguém pode fugir ou evitar escolher algo, pois até mesmo essa fuga é uma escolha. 

Qual melhor caminho você escolheu traçar hoje?

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