Comumente utilizadas como sinônimos em vários contextos, experiência e vivência apresentam suas diferenças e complementaridades que valem a reflexão!
De acordo com o dicionário on-line, “experiência” vem do verbo experienciar. Está relacionada com o “conhecimento ou aprendizado obtido através da prática ou da vivência: experiência de vida; experiência de trabalho”. A palavra tem como sinônimos: prova, experimento, teste, ensaio.
Já vivência vem do latim viventia e está ligada ao “fato de viver, de ter vida, existência”. Abrange “conhecimentos adquiridos pela experiência em uma ou várias situações de vida ou profissionais”. Dentre seus sinônimos estão: vida, existência, conhecimento, experiência, saber.
O pensador e filósofo chinês Confúcio dizia:
“A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido”.
Ao refletir sobre esses conceitos, é possível considerar algumas reflexões que auxiliam na compreensão das diferenças entre eles. Seria possível ter vivência e não ter experiência? A resposta é reflexiva, mas não conclusiva. Até porque pode ser um “provavelmente sim”.
Para ilustrar: quando lemos, contamos ou escutamos uma história com riqueza de detalhes, é comum nos sentirmos parte do enredo. A sensação é de que estamos lá dentro, vivenciando-o. Isso seria o mesmo que experimentá-lo?
Tal ponderação demonstra que é questionável igualar os conceitos de experiência e vivência em todas as circunstâncias. Isso porque o nivelamento dos dois pode resultar na negligência do sentido mais profundo que eles trazem em sua forma ora complementar, ora dicotômica.
Em uma entrevista de emprego, quando o recrutador solicita ao candidato que descreva sua trajetória profissional (mesmo que essas informações já estejam contempladas no currículo), a intenção é compreender todas as experiências do profissional para uma boa tomada de decisão no processo seletivo.
Mas nem sempre isso é determinante. Há profissionais que estão no início de carreira, buscando o primeiro emprego. Nessas situações, os critérios de seleção precisam ser outras experiências e habilidades.
Também existem profissionais que decidiram mudar drasticamente de carreira. Essa transição, que invalida as experiências anteriores, requer, do mesmo modo, outros critérios para análise de perfil profissional.
Após indicar as exceções na análise de um profissional por sua trajetória, convém retomar que nem sempre o fato de viver a experiência o torna experiente. Por exemplo: um profissional relata que atuou em uma empresa por dez anos, onde participou dos projetos de estruturação das áreas, cargos e funções, tendo percebido as mudanças ocorridas durante o percurso. Isso o torna experiente em processos de estruturação? Não necessariamente.
O fato de ter uma vivência no assunto não faz dele um expert, a menos que tenha feito parte de todo o processo, executando, alterando e contribuindo com as análises das mudanças realizadas.
Por outro lado, pode ser que, mesmo não tendo sido o responsável pelo projeto de estruturação, ele tenha se engajado de forma tão especial que, conforme o processo foi ocorrendo, também foi aprendendo, executando, perguntando e interagindo. Nesse caso, pode-se dizer que ele tem experiência no assunto, mesmo que mínima.
Ao relatar sua trajetória, é desejável que o profissional relacione vivência com experiência. Nesse aspecto, vale ressaltar que não existe juízo de valor em que um é mais importante que o outro.
A consciência sobre experiência e vivência pode ser definitiva para sua apresentação profissional. É um quesito fundamental para a descrição detalhada dos seus resultados conquistados para o crescimento da área ou empresa, já que permite analisar, de maneira mais completa, os aprendizados, dificuldades e acertos.
Tais apontamentos não devem ser encarados como verdade definitiva. Tratam-se, apenas, de reflexões sutis que expressam uma perspectiva. São, portanto, contribuições para um novo olhar sobre o trabalho.
Ainda neste aspecto, podemos exemplificar outros conceitos, destacando a diferença entre empregabilidade e o simples fato de ter um emprego. É óbvio que ter um emprego é algo importante e necessário, mas não necessariamente garante a empregabilidade. São dois conceitos diferentes apesar de serem utilizados comumente como sinônimos.
Cabe salientar que a soma da experiência com o emprego pode contribuir para a empregabilidade. Isso porque permite a vivência dele na sua integralidade, tendo o conhecimento e a sabedoria devidamente adquiridos e reconhecidos.
Independentemente de gostar ou não do emprego, experiência e vivência aumentam as chances de manter a sua empregabilidade. É claro que gostar do emprego facilita a vivência dele, assim como oportuniza adquirir experiências mais prazerosas.
Quanto mais a vivência se aproximar da experiência (e vice-versa), maior será a consciência dos possíveis “gaps” e de como planejar ações estruturadas e evolutivas para o crescimento sustentável da carreira.
Perguntas
Algumas perguntas podem contribuir para analisar a sua vivência e/ou experiência:
1. Qual o resultado de sua experiência?
2. Quais vivências o(a) tornaram mais experiente?
3. Quais as experiências trouxeram para você um sentido de existência?
Que tal acrescentar vivência à sua experiência e vice-versa? Afinal, ninguém veio ao mundo a passeio.